
Um caso raro de lipedema em um homem foi identificado em São Paulo, trazendo à tona a importância do diagnóstico da doença também no sexo masculino. O paciente Luciano, de 64 anos, apresentava um estágio avançado da condição, o que comprometia sua locomoção e afetava sua autoestima. O diagnóstico foi realizado pelo médico Fábio Kamamoto, especialista no tratamento do lipedema e diretor do Instituto Lipedema Brasil.
Após a confirmação da doença, Luciano iniciou um tratamento que incluiu drenagem linfática, uso de meias de compressão e, devido à gravidade do caso, uma cirurgia de lipoaspiração. No procedimento, foram removidos 17 quilos de gordura acumulada nas pernas, proporcionando um alívio significativo dos sintomas.
O que é o lipedema?
O lipedema é uma condição vascular crônica caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura, principalmente nos membros inferiores. Apesar de ter sido descrito pela primeira vez em 1940 por pesquisadores da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, a doença só foi oficialmente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019.
Estima-se que uma em cada dez mulheres no mundo tenha lipedema, totalizando cerca de 5 milhões de casos apenas no Brasil. Em homens, a condição é extremamente rara, representando menos de 1% dos diagnósticos. O desafio do diagnóstico se deve à ausência de exames específicos para a doença, o que frequentemente leva à confusão com obesidade.
Sintomas e causas
A predominância do lipedema em mulheres está associada à influência dos hormônios femininos, especialmente o estrogênio. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de atenção ao diagnóstico em homens, observando sinais como acúmulo de gordura localizada, dor e sensibilidade nas áreas afetadas.
Gabriela Pereira, diretora-presidente da ONG Movimento Lipedema e portadora da condição, destaca a importância do reconhecimento da doença: “A pessoa pode ter lipedema e ser magra? Pode. Eu sou portadora de lipedema. O volume das minhas pernas estava maior do que o restante do meu corpo. Se eu encostasse em alguma coisa, doía; se a calça apertasse, doía… e assim, todo mundo falava que era mimimi”, relata.
Prevenção e tratamento
Embora o lipedema não tenha cura definitiva, seu tratamento envolve uma combinação de hábitos saudáveis e procedimentos médicos. Adotar uma alimentação equilibrada, reduzindo o consumo de refrigerantes, açúcar, carboidratos, sódio e álcool, além da prática regular de exercícios físicos, pode ajudar no controle da doença.
Nos casos mais graves, a lipoaspiração é indicada para remoção da gordura acumulada. No entanto, o procedimento não é coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também não está incluído no rol de cobertura da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para planos de saúde, o que limita o acesso de muitos pacientes ao tratamento adequado.
O caso de Luciano reforça a necessidade de maior conscientização sobre o lipedema em homens e a importância de políticas públicas que garantam diagnóstico precoce e acesso a tratamentos eficazes.