
O Future Health Index 2024, em sua nona edição, revela as prioridades e perspectivas de líderes globais do setor de saúde. Com base em uma pesquisa quantitativa realizada em 14 países, incluindo o Brasil, e entrevistas qualitativas em Cingapura, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos, o estudo explora as lacunas que dificultam o acesso a cuidados de qualidade e oportunos, além de propor soluções inovadoras para enfrentá-las.
A pesquisa, conduzida entre dezembro de 2023 e março de 2024, envolveu quase 3 mil líderes do setor e aborda desde a crise da força de trabalho até os avanços tecnológicos e a sustentabilidade ambiental.
Confira os principais insights da pesquisa:
Crise na força de trabalho e desafios no atendimento
Um dos pontos mais críticos apontados pelo relatório é a falta de profissionais de saúde, que impacta diretamente o acesso e a qualidade do atendimento. Segundo o estudo, 66% dos líderes relatam aumento de burnout e estresse entre os profissionais, resultando em alta rotatividade e atrasos no atendimento.
Os pacientes enfrentam longas listas de espera e tempos de atendimento elevados, com 77% dos líderes considerando isso um problema urgente. Nos Estados Unidos, por exemplo, pacientes podem aguardar até 12 horas em departamentos de emergência devido à escassez de pessoal, comprometendo a segurança e a eficácia do tratamento.
Monitoramento remoto: uma solução em expansão
O monitoramento remoto de pacientes tem se mostrado uma ferramenta crucial para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde. Hoje, 50% das organizações utilizam essa tecnologia para gerenciar doenças crônicas, enquanto 44% a aplicam para adesão à medicação. Nos próximos três anos, há planos de expansão para áreas como telestroke (40%) e saúde materna e fetal (36%).
Essa tecnologia permite que os cuidados ultrapassem os limites físicos das clínicas e hospitais, oferecendo maior eficiência e acessibilidade aos pacientes.
Inovações tecnológicas e sustentabilidade
A automação e a inteligência artificial (IA) são vistas como estratégias essenciais para enfrentar os desafios do setor. O uso de IA já está presente no monitoramento remoto em 33% das organizações e deve crescer para 41% até 2027. Além disso, 89% dos líderes destacam que o atendimento virtual tem ajudado a mitigar a escassez de pessoal.
Em termos ambientais, 71% dos entrevistados estabeleceram metas para descarbonização, reconhecendo a interconexão entre saúde humana e sustentabilidade ambiental.
Desafios específicos no Brasil
No Brasil, a pesquisa destaca dificuldades na integração de dados e na acessibilidade às tecnologias de saúde. Cerca de 92% dos líderes apontam problemas de interoperabilidade entre sistemas, o que limita a tomada de decisões clínicas. Além disso, 69% dos entrevistados indicam que a conectividade à internet e a alfabetização digital são barreiras para expandir os cuidados virtuais.
Parcerias estratégicas, envolvendo governos, empresas de tecnologia e prestadores de serviços, são vistas como essenciais para superar esses desafios e garantir atendimento de qualidade e pontualidade.
O impacto dos dados na saúde
Os líderes brasileiros veem grande potencial nos insights baseados em dados para melhorar os cuidados. Apesar disso, barreiras como a precisão das informações e a falta de interoperabilidade entre plataformas dificultam o avanço.
Conclusão
O Future Health Index 2024 destaca que superar os desafios do setor de saúde requer soluções colaborativas, adoção tecnológica e foco na sustentabilidade. À medida que a escassez de pessoal, a acessibilidade ao atendimento e a integração de dados permanecem obstáculos críticos, as inovações tecnológicas despontam como ferramentas indispensáveis para transformar o futuro da saúde global.
Fonte: Medicina S.A